DEPOIS DE MUITO TEMPO, PORTO ALEGRE SE VOLTA NOVAMENTE PARA O GUAÍBA

16 Apr 2019 |
Tempo de leitura: 5 minutos | -

Autor: Foxter

O Lago Guaíba sempre foi uma das principais marcas de Porto Alegre. Em 1921, com a inauguração do Porto Cais Mauá, a relação da cidade com o lago – popularmente chamado de rio, mesmo que de forma incorreta – se estreitou. O cais chegou com o objetivo de modernizar a cidade, além de fomentar a economia e gerar empregos. A importância dele para a população gaúcha, incluindo seus aspectos estéticos, higiênicos e funcionais inovadores, garantiram o título de cartão postal da cidade.

Foto: prati.com.br

Longe da região central, a criação de balneários na Zona Sul nas décadas de 1920 e 1930 foi outro propulsor da relação de carinho com o lago. As praias do Guaíba eram destino certo de grande parte dos porto-alegrenses nos calorosos dias de verão.

A ENCHENTE DE 41

Foto: Sioma Breitman

Dono de muitas facetas, o Guaíba também foi o antagonista sombrio de um dos episódios mais marcantes e traumáticos da capital gaúcha. No outono de 1941, o grande volume de chuvas nos rios afluentes transformou o lago em um insaciável receptor das águas. Outros fatores climáticos adjacentes, como o efeito de represamento causado pelo vento sul no estado, também desempenharam papel fundamental no acontecimento. E em maio daquele ano, o Guaíba finalmente abraçou as ruas do Centro Histórico de Porto Alegre, transbordando-se de forma jamais vista. A enchente alcançou a marca recorde de 4,75 metros.

Foto: prati.com.br

Esse turbulento evento, que deixou 70 mil pessoas sem água potável e energia elétrica, fez o Governo do Estado reagir. Para evitar novas enchentes, como medida, decidiu construir um muro no Cais Mauá a fim de bloquear novas ofensivas do Guaíba contra o centro da cidade. Sua construção foi finalizada apenas 30 anos após o evento. A extensão de 2,6 quilômetros de concreto, percorridos desde a Avenida da Legalidade e da Democracia até a Usina do Gasômetro, fez Porto Alegre dar as costas ao seu lago, criando uma barreira dramática entre a população e o principal cartão postal do município.

UM NOVO COMEÇO COM O GUAÍBA

By Valter Helmuth Goldberg Júnior [CC BY-SA 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)], from Wikimedia Commons

Ao longo de quase três décadas, a cidade negligenciou as necessidades do Guaíba. O desejo dos moradores de restabelecer um contato mais próximo com o lago também foi posto de lado. Eis que em 1989, respondendo aos anseios da comunidade, foi criada uma comissão municipal para o projeto Guaíba Vive. O projeto tinha como pautas o saneamento ambiental, urbanização da orla, educação ambiental, turismo e desenvolvimento ecológico.

O primeiro resultado expressivo do projeto foi restabelecer a praia do Lami, localizada na Zona Sul de Porto Alegre. Em 1992, após tratamentos de esgoto no local, a prefeitura entregou a praia para a população da cidade. Dessa vez, em plenas condições para atividades de lazer e turismo. De lá para cá, o projeto foi responsável por diversas outras medidas de tratamento hídrico e saneamento.

Foto: Arthur Panziera

Avançando aos primórdios da segunda década do século XXI, nos encontramos em um momento de reconciliação entre Porto Alegre e o Lago Guaíba. Já está em curso o projeto de revitalização do Cais do Porto. Ele inclui novos espaços de lazer, esportes e comércio, reaproximando a população às margens do lago. Além disso, recentemente foi entregue a fase final da recomposição da orla do Guaíba. A primeira etapa da reforma ocorre no trecho da Usina do Gasômetro até a Rótula das Cuias. O plano é atrair as pessoas para perto do lago novamente. Serão instalados bares, restaurantes, quadras esportivas, ciclovias, praças, um atracadouro e uma nova estrutura de iluminação completa.

PONTAL DO ESTALEIRO

Foto: Perspectiva do Pontal

Para além da iniciativa pública, empresas privadas também estão estreitando os laços entre a população e o Guaíba. A Melnick Even acaba de lançar o Pontal do Estaleiro. O empreendimento terá 87 metros de altura e 23 andares. Aliará unidades de escritórios e consultórios com um grandioso shopping center. Seu lar será o bairro cristal, no antigo terreno do Estaleiro Só, às margens do lago. A construtora irá incorporar ao empreendimento o Parque do Pontal, que terá uma área revitalizada de 36 mil metros quadrados. A ideia é retomar a relação entre Porto Alegre e seu cartão postal. Diversos espaços de convívio e lazer serão oferecidos para a população.

Leia mais: Descubra quais são os 3 erros mais comuns ao vender um imóvel e aprenda a evitá-los

Comentários

Deixe um comentário

Posts Relacionados